A desatenção e a hiperatividade são comportamentos comuns em muitas crianças, especialmente nas primeiras fases do desenvolvimento. Contudo, quando esses comportamentos são excessivos e interferem significativamente na vida escolar, social e familiar da criança, pode ser um sinal de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

O que é o TDAH?

O TDAH é um transtorno neurobiológico, que afeta o desenvolvimento das funções cerebrais responsáveis pela atenção, controle de impulsos e capacidade de concentração. Ele costuma se manifestar na infância, geralmente antes dos 12 anos, e pode persistir na adolescência e na vida adulta, se não for adequadamente tratado.

O TDAH se apresenta de três formas principais:

1. Predominantemente Desatento: Caracterizado por dificuldades em prestar atenção, seguir instruções e organizar tarefas.

2. Predominantemente Hiperativo-Impulsivo: Caracterizado por inquietude, dificuldade em ficar parado e comportamentos impulsivos.

3. Combinado: Uma mistura de desatenção e hiperatividade-impulsividade.

Desatenção

A desatenção no TDAH vai além da simples distração comum a muitas crianças. As crianças com esse tipo de TDAH podem apresentar dificuldades significativas em manter a atenção em tarefas ou atividades que exigem concentração por longos períodos. Entre os sinais mais comuns de desatenção estão:

• Facilidade em se distrair com estímulos externos ou pensamentos.

• Dificuldade em seguir instruções e completar tarefas, tanto em casa quanto na escola.

• Esquecimento frequente de atividades diárias ou compromissos.

• Desorganização no material escolar, lições de casa ou brinquedos.

• Dificuldade em manter o foco em atividades monótonas ou repetitivas, como lição de casa ou leitura.

Crianças com esse perfil costumam ser descritas como "desligadas", parecendo muitas vezes que "estão no mundo da lua". Essa dificuldade em manter o foco pode prejudicar o desempenho escolar e até as relações sociais, uma vez que a criança pode parecer desinteressada ou dispersa.

Hiperatividade e Impulsividade

A hiperatividade se refere à dificuldade de ficar parado e a necessidade constante de se mover. Em crianças com TDAH, isso se manifesta como um comportamento agitado e inquieto, especialmente em ambientes que exigem tranquilidade, como a sala de aula. A impulsividade, por sua vez, é a incapacidade de esperar ou pensar antes de agir. Crianças impulsivas podem agir de maneira precipitada, sem medir as consequências.

Os principais sinais de hiperatividade e impulsividade incluem:

• Falar excessivamente e interromper os outros com frequência.

• Dificuldade em ficar sentado ou permanecer parado em situações que exigem tranquilidade.

• Movimentação constante: mexer as mãos ou os pés, levantar-se da cadeira na escola.

• Impaciência e dificuldade em esperar a sua vez durante brincadeiras ou conversas.

• Comportamentos impulsivos, como correr em situações inadequadas ou tomar decisões precipitadas.

A hiperatividade é mais visível em ambientes estruturados, onde a criança é exigida a ficar quieta ou focada por períodos prolongados. A impulsividade pode levar a problemas de comportamento, como dificuldades em seguir regras e se envolver em situações perigosas.

Causas do TDAH

Embora as causas exatas do TDAH ainda não sejam totalmente compreendidas, sabe-se que fatores genéticos desempenham um papel importante. O transtorno tende a ser hereditário, e pesquisas mostram que crianças com pais ou parentes próximos com TDAH têm maior probabilidade de desenvolver a condição. Outros fatores que podem contribuir incluem:

• Alterações no funcionamento de áreas específicas do cérebro, relacionadas ao controle da atenção e da impulsividade.

• Exposição a toxinas ambientais durante a gestação ou nos primeiros anos de vida.

• Baixo peso ao nascer e complicações no parto.

Diagnóstico

O diagnóstico de TDAH é feito por meio de uma avaliação clínica cuidadosa, conduzida por um especialista, como um neuropediatra, psiquiatra infantil ou psicólogo. Não há um exame específico que identifique o TDAH, mas o diagnóstico se baseia na observação do comportamento da criança e na coleta de informações fornecidas por pais, professores e cuidadores.

Para ser diagnosticado com TDAH, os sintomas devem estar presentes em mais de um ambiente (por exemplo, na escola e em casa), e devem interferir no desempenho acadêmico ou social da criança.

Tratamento

O tratamento do TDAH varia de acordo com a gravidade dos sintomas e o impacto na vida da criança, mas geralmente envolve uma combinação de abordagens:

1. Psicoterapia: A terapia cognitivo-comportamental pode ajudar a criança a desenvolver habilidades para lidar com a desatenção, a impulsividade e os desafios emocionais associados ao TDAH. Os pais também podem ser orientados a adotar estratégias para melhorar o comportamento da criança em casa.

2. Medicamentos: Os medicamentos estimulantes, como metilfenidato (Ritalina) e anfetaminas, são comumente prescritos para o tratamento do TDAH. Eles ajudam a melhorar a atenção e a controlar a impulsividade e a hiperatividade. Em alguns casos, medicamentos não estimulantes também podem ser utilizados.

3. Intervenções Educacionais: Adaptar o ambiente escolar às necessidades da criança é fundamental. Isso pode incluir modificações nas tarefas, tempo extra para concluir provas, e o uso de métodos de ensino mais dinâmicos e interativos.

4. Terapias Complementares: Atividades como psicomotricidade, neurofeedback e acompanhamento psicológico podem ser eficazes para melhorar o foco e o controle emocional.

Conclusão

Desatenção e hiperatividade são características comuns do desenvolvimento infantil, mas quando esses comportamentos são intensos e persistentes, podem indicar a presença do TDAH. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para que a criança consiga superar os desafios do transtorno e desenvolver suas potencialidades, tanto no ambiente escolar quanto nas relações sociais.

Se houver suspeita de TDAH, é importante buscar a orientação de um médico especialista, como um neuropediatra, para um diagnóstico preciso e o encaminhamento ao tratamento mais adequado.

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