Aprender e infância
- vsmsaude
- 30 de mai. de 2022
- 2 min de leitura
Aprender é fundamental para pensarmos sobre o nosso proposito no mundo. Aprender é resistir ao esquecimento da infância.
Infância: A palavra infância vem do latim que significa in (não) e fante (fala). Ou seja, o sujeito que não tem fala organizada, aquele que precisa ser socializado para se tornar alguém. Tal interpretação permite a interrogação equivoca de questionar e negar a existência do sujeito infante. “O que você vai ser quando crescer?”.
Para entendermos o estado de infância temos alguns modelos culturais.
A cultura ocidental entende que a criança só deixara a infância se aprender. Ou seja, a infância é menorizada pela razão em construção, cujo seu aperfeiçoamento ocorrerá com o ato de frequentar a escola. O aprender supera a infância.
Já outras culturas entendem que aprender é resistir ao esquecimento da infância. Infância entendido como sentido de estado sociojurídico, contexto histórico e conceitual. Portanto, uma maneira de habitar a existência/ sentido é pela infância respeitando seus marcadores de desenvolvimento, defesas institucionais em período histórico demarcado.
A infância é um estado e sentido que possibilidade percorrer caminhos que não eram possíveis e/ou não foram adulteradas/ desgastadas pelo gosto da vida. A adultidade pode ser interpretado como o oposto da infantilização. O adulto prejudica a reinvenção da realidade.
Sendo assim a crise da adolescência tem relação direta com o esvaziamento das potencias originárias e o aprender com o estado de infância. O estado de infância é a capacidade de reconhecer ou aprender algo que não estava pronto. Aprender significa percorrer novos caminhos, que são necessários para as novas circunstâncias que a vida apresenta. Portanto só no estado de infância isso é possível.
A infância é uma faculdade que nomeia algo que já é, mas sem ser, um espanto que introduz no mundo do que é, aquilo que ainda não pode ser identificado e permite qualquer diferenciação.
Infância é o nome de um milagre que interrompe o ser das coisas e abre um campo de possibilidades. Milagre é a condição de possibilidade de percorrer caminhos impossíveis, a não fixação das coisas, mas seu caráter disruptivo. Romper com a comodidade de não ser capaz de escutar seu sujeito/ estado de infância.
A violência e a maldade têm relação direta com estado de mal consigo e impossibilidade de aprender. Aprender não só de caráter institucional, mas um mergulho de suas possibilidades de reinvenção de si e da realidade, ligados e indissociáveis ao seu próprio sujeito.
O sentido da vida pode ser acessado através do ato de habitar a infância/ aprendizado. Aprender produz sociedades estáveis, pois é na infância que fazemos o exercício da confiança em relação a vida e o mundo.
O aprendizado dá sentido para vida, mas só é possível aprender se nós estivermos em estado de infância. Para acessar nossos estados de infância devemos se relacionar com aprendizado, mas ele só ocorre se resistirmos ao esquecimento da nossa infância. É preciso infancializar para acessar esse estado.
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