Escolher
- vsmsaude
- 30 de mai. de 2022
- 3 min de leitura
Para Camus só exista uma questão séria para a filosofia: Se a vida vale a pena ou devemos optar pelo suicídio.
O papel de escolher na produção do sentido da vida é encontrar um sentido no ato de fazer sempre a mesma coisa.
Para Shopenhauer a arte de ser feliz fala a respeito da escolha. O livre arbítrio coloca em xeque se nossa capacidade de escolha está na vontade livre ou na condicionada. A modernidade ocidental inaugurada por Descartes “penso logo existo”, ratifica a tese de sermos animais racionais. Shopenhauer revela a partir da racionalidade que a primazia do intelecto, não passa de um cerne da vontade. A nossa razão e entendimento que acompanham o intelecto apenas obedecem à vontade/ nossos desejos mais íntimos. O intelecto estabelece um plano de ação/ rota para que a nossa vontade encontro o seu alvo.
“A razão jamais é fria e sem paixão”. Segundo a neurociência sem emoção nosso poder decisório é jogado fora. Isso é observado por pessoas que tiveram comprometimento cerebral no centra das emoções, pois não conseguem decidir e escolher. Ou seja, o córtex frontal não funciona como deveria, pois, falta as emoções.
As escolhas não são desprovidas de emoções. A racionalidade nunca é fria e sem emoção e nossas experiências são sempre conectadas.
É possível escolher? Temos liberdade de escolha?
Para Camus se o mundo é absurdo e não tem sentido, a escolha é chave para nossa conduta e vida.
Shopenhauer conta que o nosso caráter mais íntimo é imutável e por essa razão os estímulos que nos levam a ações sempre acham uma forma de nos pescar. O que mobiliza o desejo vai levar a um tipo de atitude conforme o nosso caráter e natureza. Nosso arbítrio é servo da vontade.
Nós viemos ao mundo cheios de pretensões de felicidade e prazer, até o momento em que o destino nos aferra bruscamente e nos mostra que nada é nosso. O caráter demanda que uma pessoa saiba o que quer e o que pode. Nossas metas devem ser estabelecidas conforme o conhecimento de nossas virtudes e dos nossos defeitos.
A margem para escolha é saber o que é possível. A escolha existe na proporção e medida em que temos um autoconhecimento de virtudes e defeitos, para saber o que é possível.
Querer não é poder. Podemos querer e não ser possível de realizar.
As nossas escolhas devem ter uma atitude de espírito na compreensão daquilo que podemos. A escolha se conecta com as emoções que são um conjunto de afetos que interferem na escolha e são sentidas de maneira aguda. As emoções estão diretamente relacionadas com nossos planos de ações e são divididas em 6: alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa e nojo. Devemos convergir com nossos sentimentos para escolher algo que seja convergente conosco.
A relação com o mundo das escolhas esta ligada ao coração. Coração como sede do caráter, natureza, pensamentos (racionalidade/ intelecto) e emoções (sentimentos/ afetos). A escolha está acertada no conceito de serenidade consigo e com seu coração.
A escolha = racionalidade + sentimentos
A razão nunca é fria e sem emoções.
Escolher demanda uma convergência afetiva consigo. Só é possível escolher à medida que temos um grau de consciência de nossos afetos e intimidade com nosso coração. Devemos grafar, delimitar e descrever o pulsar de cada coração. Se vivo a vida fora de cada pulsar, divergindo com o coração entro em estado de inflamação.
Escolher significa estar em acordo com seus pensamentos, emoções, com o seu próprio caráter. Sem escolher a si mesmo não é possível configurar o nosso sentido para vida.
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