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Morte

  • vsmsaude
  • 30 de mai. de 2022
  • 3 min de leitura

A morte é talvez o único acontecimento que resolve todos os nossos problemas.

Se fizermos um inventario da produção humana sobre a morte, conseguiríamos categorizar esse tema em duas colunas/ vertentes/ entendimentos.


1- A morte é o fim da vida

A morte é o final/ término, algo que era e não é mais. O fim deixa de ser. Nesse caso a morte se define negativamente em relação a vida, como sendo o seu desaparecimento. A morte seria nada/ encerramento. Boa parte dos pensadores partem ou chegam a essa conclusão. A reflexão sobre a morte traz relevância, porque define o principal atributo da vida, que é sua finitude. A morte permite pensar a vida com lucidez. Pensar sobre a vida considera sobre sua principal característica que é não durar para sempre. Assim, toda reflexão será em cima de um certo intervalo de tempo. Pensar na vida é pensar em começo, meio e fim. Para Platão filosofar é aprender a morrer.

A morte é o nada que se define em relação ao seu contrário.


2- A morte é uma passagem

A morte é uma transformação de uma vida para outra. Nesse caso a morte continua não sendo nada. Ela é um momento agudo de transformação de um tipo de vida para outro. A morte pode ser um balsamo para as dores que nos aflige.


Para Espinoza, o homem só pensa sobre a morte. Significa que tudo que deliberamos, decidimos tem a morte como referência, um dado embutido no problema, pois entra na equação a finitude e o tempo (a raridade). A finitude faz dos segundos de vida, limitados, raros e essa raridade vai aumentando no decorrer da vida, de tal maneira que todos os cálculos são feitos em um tempo que escoa.


A economia nos ensina que a raridade confere valor e, portanto, a eternidade retiraria o valor da vida. Filosofar é refletir dentro de uma vida que vai acabar. Se não fosse acabar a filosofia não existiria. As escolhas existenciais se remetem a uma certa finitude, porque todas as escolhas são feitas dentro de uma perspectiva de temporalidade finita.


Toda a dificuldade de fazer escolhas tem a morte como condição.


A Angústia é consequência da certeza da finitude, sensação de perda é marca registrada da angústia. Talvez na eternidade o afeto que seria predominante seria o tedio, pois desaparece a raridade do tempo e valor das coisas que optamos em fazer.


Quando uma criança é punida há uma relação de morte e finitude implícita, pois não temos todo o tempo do mundo.


Epicuro propõe que o grande valor da vida é o prazer, todavia devemos buscá-lo de maneira sustentável e durável.


A morte pode ser entendida no interior da própria vida, afinal como estamos em permanente transformação estamos deixando de ser. Fica claro que o virar de páginas da vida é ininterrupto e que estamos morrendo constantemente dentro dela. Portanto, a expectativa da permanência de estado é caduca.


Precisamos ter a consciência de que a situação atual vivida desaparece e não se repetirá. Somos obrigados a enfrentar uma reflexão sobre a vida boa, contaminados pelo inédito.


Quando falamos da morte automaticamente estamos falando sobre todos os aspectos e situações da vida. A morte define os afetos. A felicidade não pode estar atrelada a brevidade da existência do outro, pois estamos em metamorfose e o outro pode morrer/ deixar de ser aquilo que traz alegria.


Espinoza chama de morte toda a experiência de tristeza. A tristeza ocorre toda vez que nossa energia vital/ potência diminui. A morte é passagem/ transformação da vida que nos é desfavorável/ frágil. Se a morte é trazida para situação de tristeza, portanto podemos concluir que devemos ficar alertas para o verdadeiro sentido da vida que é o esforço pela alegria.


Hobbes defende que o homem vive em sociedade e para isso renuncia ao estado de natureza, se curva a milhares de princípios de convivência social. Qual seria a vantagem de viver em comunidade? O homem opta por todas as limitações sociais por conta do medo da morte violenta.


Já a salvação aponta para algum coisa ruim que temos que escapar. Se o maior perigo é a morte, a salvação da morte não será a salvação para morte. Assim nos remetemos a algo ruim com relação a morte. As religiões visam a eliminar o medo da morte pela salvação que é garantido por outro. Já na filosofia é através do uso de seus próprios recursos de inteligência que você será salvo.


Para Platão o verdadeiro pensador já está morto: como filosofar e viver é um treinamento para um estágio que a alma estará sem corpo, o verdadeiro sábio, embora tenha um corpo, já está praticamente em estágio descarnado com corpo.


A morte traz à tona o tema de viver a vida melhor, pois a qualidade das nossas decisões depende de uma consciência, que passa pela finitude de nossas existências.


 
 
 

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